17 dezembro 2012

Eu gostaria de ser avó

 MARIA JOSE Rezende

Perguntaram a uma menina de nove anos o que ela gostaria de ser quando crescesse. Ela respondeu: - Eu gostaria de ser avó!
Ao ser interrogada sobre o porquê dessa ideia, ela completou: - Porque os avós escutam, compreendem. E, além do mais, a família se reúne inteirinha na casa deles.
E a menina continuou: - Uma avó é uma mulher velhinha que não tem filhos. Ela gosta dos filhos dos outros. Um avô leva os meninos para passear e conversa com eles sobre pescaria e outros assuntos parecidos.
Os avós não fazem nada, e por isso, podem ficar mais tempo com a gente. Como eles são velhinhos, não conseguem rolar pelo chão ou correr. Mas não faz mal. Nos levam ao shopping e nos deixam olhar as vitrines até cansar.
Na casa deles tem sempre um vidro com balas e uma lata cheia de suspiros. Eles contam histórias de nosso pai ou nossa mãe quando eram pequenos, histórias da Bíblia, histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas.
Passeiam conosco mostrando as flores, ensinando seus nomes, fazendo-nos sentir seu perfume.
Avós nunca dizem “depressa”, “já pra cama” ou “se não fizer logo, vai ficar de castigo”.
Quase todos usam óculos e eu já vi uns tirando os dentes e as gengivas.
Quando a gente faz uma pergunta, os avós não dizem: “menino, não vê que estou ocupado?” Eles param, pensam e respondem de um jeito que a gente entende.
Os avós sabem um bocado de coisas. Eles não falam com a gente como se nós fôssemos bobos. Nem se referem a nós com expressões tipo “que gracinha!”, como fazem algumas visitas.
O colo dos avós é quente e fofinho, bom de a gente sentar quando está triste. Todo mundo deveria tentar ter um avô ou uma avó, porque são os únicos adultos que têm tempo para nós.

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